quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A FISIOTERAPIA E A FONOAUDIOLOGIA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS BUCO-MAXILO-FACIAIS

Recentemente, visitando cirurgiões buco-maxilo-faciais  para divulgação do consultório, percebi que ainda existem muitas dúvidas a respeito da diferença entre a intervenção da Fisioterapia e da Fonoaudiologia em pacientes submetidos à cirurgia buco-maxilo-facial, mais especificamente à cirurgia ortognática, pois muitos pensam que ambas realizam o mesmo trabalho.
Diante disso, resolvi fazer esse post para explanar um pouco acerca da abordagem fisioterapêutica e fonoaudiológica na fase de pós-operatório. Não obstante serem estritamente necessárias e complementares, apresentam distinções claras nos seus focos de atuação.
Iniciaremos abordando a atuação da fonoaudiologia. Esta, dentro da cirurgia ortognática, segundo SOUZA, CAMPIOTTO e FREITAS (1997), exerce um importante papel no diagnóstico e tratamento de distúrbios e alterações de postura de línguas e lábios, que são fatores constante nos pacientes portadores de deformidades dentofaciais.

O trabalho fonoaudiológico proporcionará adequação da musculatura perioral, postura global, propriocepção, sensibilidade, mastigação, deglutição, respiração e da articulação da fala. Em todos os pacientes submetidos à cirurgia na região maxilomandibular ocorre uma mudança em graus variados na posição dos tecidos moles. Em muitos casos, após a correção cirúrgica e o correto posicionamento dentário, os tecidos moles se reestruturam de forma adequada com boa resposta funcional. Entretanto, observa-se que alguns padrões adaptativos utilizados anteriormente podem permanecer forçando as estruturas operadas e prejudicando os tratamentos cirúrgicos ortodônticos, salienta BIANCHINI (1995).


A sua atuação se dá basicamente no desenvolvimento do equilíbrio muscular, aprendizado e uso dessas funções adequadas à nova forma existente.


A avaliação fonoaudiológica, como primeiro passo, traz a possibilidade de detectar alterações miofuncionais orais que possam comprometer o resultado obtido pela Ortodontia e Cirurgia Ortognática.

No pós-operatório o trabalho será realizado em dois momento: no primeiro, durante o bloqueio intermaxilar (de modo mais limitado), sendo a propiocepção realizada através da exploração da língua na cavidade oral; e no segundo, na fase da higiene oral. Podem também ser realizados os trabalhos de mobilidade de lábios, língua e bochechas. Altmann (1987) e Altmann e col. (1987).

Após a retirada do bloqueio intermaxilar, o tratamento fonoaudiológico, tem como objetivos: reintroduzir gradativamente a alimentação sólida, adequar as funções estomatognáticas, adequar o tônus muscular e mobilidade, automatizar posturas de lábios e língua, bem como trabalhar as seqüelas sensitivas.


Já quanto ao tratamento fisioterápico, segundo ROCABADO (1989) descreve em seu livro, a Fisioterapia deve ser realizada em diferentes tipos de intervenções cirúrgicas, tais como: artroplastia, discectomia, artroscopia e na própria cirurgia ortognática, a fim de diminuir o tempo de restabelecimento do paciente no pós-operatório.

A conduta fisioterapêutica, na fase de pós-operatório, iniciará sua abordagem nas condições clínicas de dor, edema, bloqueio maxilomandibular, parestesia temporária ou permanente, espamos musculares, aderências miofasciais, mialgias e encurtamentos da musculatura crânio-cérvico-facial.

Portanto, o trabalho da Fisioterapia terá como objetivos, dependendo do caso de cada paciente, a redução do edema facial; resolução parcial ou completa da parestesia, o ganho de amplitude de movimento para a abertura bucal, lateralizações e protusão da mandíbula; melhoria das retrações e algias musculares.

Para controle e redução do edema utiliza-se a técnica de drenagem linfática manual (DLM), visando aumentar a capacidade de condução da linfa pelos vasos linfáticos, favorecendo a distribuição de líquidos intracelulares e proporcionando a regeneração e a defesa dos tecidos, aumentando ainda,  a diurese e a eliminação de toxinas. Com isso, há um aumento do fluxo sanguíneo o qual ocasiona a vascularização e oxigenização da área tratada, desobstruindo-se os linfonodos, trazendo aos pacientes um alívio imediato da dor e proporcionando uma rápida recuperação.

Outra técnica utilizada pela fisioterapia para prevenção e/ou resolução de aderências da fáscia e possíveis fibroses, assim como, melhoria nas possíveis mialgias, é a liberação miofascial, a qual promove tanto o alongamento; como a mobilização dos tecidos moles, ambas, por um período mais prolongado.

No pós-operatório imediato, a Fisioterapia utilizará, além das duas técnicas acima descritas, a Terapia Manual, a liberação do osso hióide, o trabalho respiratório e a Laserterapia.

As técnicas de Terapia Manual utilizadas para inibição de pontos dolorosos e alongamento da musculatura orofacial, cervical e da cintura escapular, podem exercer papel muito importante no tratamento desses pacientes, desde o P.O imediato até uma fase mais tardia. Isto porque, devido à imobilidade, à nova posição do complexo maxilo-mandibular e, muitas vezes, à tensões provocadas pelas expectativas geradas pela cirurgia, o paciente pode apresentar mialgias (dores musculares) e encurtamentos dessas musculatura, tais como: no trapézio fibras superiores, esternocleidomastóideo, subocciptais, masseteres, elevador da escápula, dentre outros. Diante disso, o prologamento desse quadro álgico poderá vir a comprometer a recuperação do paciente.

Na fase subaguda, após a liberação do bloqueio, poderão ser inseridos, no protocolo de tratamento, exercícios isométricos, exercícios ativo-livres, treinos funcionais com Hiperbolóides e mobilizações da ATM.

Em uma fase mais tardia do tratamento poderá ser indicada a Reeducação Postural, caso o fisioterapeuta perceba em sua avaliação que houve alteração da postura do paciente, ou se esta já se apresentava alterada antes da cirurgia, posto que, devido ao novo posicionamento maxilo-mandibular, podem surgir desequilíbrios posturais da mandíbula em relação ao restante do sistema esquelético.

Portanto, essas alterações da postura podem aparecer como fatores contribuintes para o surgimento e perpetuação de problemas no quadrante superior do corpo. Além do que, o comprimento de repouso de vários músculos que se inserem na mandíbula podem ser dramaticamente afetados pela posição desta e da cabeça.

Diante dessa breve explanação, pode-se perceber que os focos e objetivos do tratamento fisioterápico e fonoaudilógico são diferentes, podendo em alguns momentos acontecerem interposições. Com isso, se realizados de forma conjunta, o paciente estará sendo bem assistido em todas as suas necessidades, tendo uma recuperação mais rápida, completa e tranquila.
Abaixo segue uma tabela com os principais pontos a serem analisados, nas avaliações realizadas pela Fisioterapia e Fonoaudiologia.
FISIOTERAPIA FONOAUDIOLOGIA
 - Amplitude de movimento da ATM e coluna cervical - Alterações miofuncionais orais
- Encurtamentos da musculatura cervical - Alimentação e modo de mastigação
- Sensibilidade à palpação da musculatura orofacial,cervical e ATM - Análise da musculatura orofacial
- Presença de ruídos articulares e/ou desvios mandibulares - Avaliação de estruturas moles (lábios,língua,freios labiais e lingual,palato mole,etc)
- Presença de hipoestesia ou parestesia - Presença de hipoestesia ou parestesia
- Avaliação postural         -------------------------------------------


Fontes:
 
A Fonoaudiologia e a Cirurgia Ortognática
Autores:
Irene Queiroz Marchesan
Esther Mandelbaum Bianchinni
 

Cirurgia Ortognática: Uma abordagem Fonoaudiológica
Autor(a):
Viviane Simões Pacheco

A Fisioterapia e a Cirurgia Buco Maxilo Facial
Autor:
Clóvis Marzola

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA



   Esta semana,do dia 12 à 15 de setembro,está acontecendo no Centro de Eventos do Ceará  o IV Congresso Intercional de Odontologia.Evento muito importante,de grande porte,e que contará com a presença de grandes profissionais de diversas áreas da Odontologia como implantodontia,ortodontia,cirurgia BMF,odontopediatria,dentre outras.
  
   Além disso,estão havendo encontros paralelos dentro do congresso,um deles é o Encontro de Fisioterapia que ocorreu ontem e teve como temática principal assuntos como: a vivência interdisciplinar da fisioterapia e odontologia na cliníca de dor orofacial, a fisioterapia no pós-operatório de cirurgias buco-maxilo-faciais,avanços fisioterapêuticos em DTM,dentre outros. Tal acontecimento foi de extrema relevância para nós fisioterapeutas,pois a Fisioterapia ter abertura em um evento como esse demonstra que nosso trabalho na área de buco-maxilo-facial vem sendo cada vez mais considerado.
 
   Para quem tiver interesse,a lgumas palestras estão sendo transmitidas ao vivo pelo seguinte link:
 
 
 
 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

TERMO DO I CONSENSO EM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E DOR OROFACIAL

   Achei muito interessante um artigo que li sobre o Termo do I Consenso em Disfunção Temporomandibular e  Dor Orofacial,pois nele são abordados diversos pontos de extrema relevância,como a importância da equipe interdisciplinar no tratamento do paciente e a necessidade de se dedicar mais atenção para DTM,assim como,a avaliação inicial do paciente que deve ser realizada de forma minuciosa.
   Outra questão muito importante abordada no artigo é o fato da especialidade DTM e Dor Orofacial ainda ser desconhecida,por incrível que pareça,por muitos profissionais da área de saúde.Segundo os autores essa especialidade deveria ser incluída como disciplina obrigatória na grade curricular dos cursos de Odontologia,pois de acordo com eles a semiologia incompleta subtrai do paciente a oportunidade de ter um tratamento adequado com melhora de sua qualidade de vida,assim como,é ressaltado que essa especialidade deveria ter maior atenção nas políticas de saúde pública a fim de que o atendimento primário do paciente com dor orofacial seja realizado de forma eficaz,reduzindo o sofrimento e a sobrecarga financeira sobre eles.
   Os autores também levantam um fato de suma importância que é a prática da Odontologia Baseada em Evidência (OBE) não amparar a prescrição de técnicas que promovem mudanças oclusais complexas e irreversíveis, como o ajuste oclusal por desgaste seletivo, terapia ortodôntica, ortopedia funcional, cirurgia ortognática ou técnicas de reabilitação oral protética no tratamento da disfunção temporomandibular.Portanto,isso vem a complementar o que muito já foi discutido sobre a importância da atuação de outras áreas da saúde como a fisioterapia,a fonoaudiologia e a psicologia no tratamento de pacientes com DTM e Dor Orofacial,pois muitas vezes a etiologia vai muito além de exclusivamente distúrbios oclusais.
    Segue abaixo o link para visualizar o artigo completo,vale a pena dar uma lida é realmente muito interessante:

   


BOAS NOVAS!!

Olá queridos seguidores!!

O Blog estava desativado,pois minha carreira profissional havia tomado outros rumos e não estava mais atuando na área de fisioterapia buco-maxilo-facial,que à propósito é a minha paixão,e sim com pilates.Porém,mesmo não atuando continuei sempre estudando sobre o assunto,pois cada vez me interesso mais em ter conhecimentos acerca dos dirtúrbios cranio-cérvico-facias e tudo o que os envolve.
Bom,a novidade desse post é que retomei meu trabalho com buco-maxilo-facial aqui em Recife,cidade onde moro atualmente,e estou atendendo em um consultório totalmente especializado em distúrbio orofacias e pós-operatório de cirurgia buco-maxilo-facial e implantodontia.Portanto,o Blog está reativado e com postangens bem interessantes sobre o assunto.Espero que possamos continuar trocando idéias,dicas e informações.

Ely Cristina Carvalho