No estudo sobre as dores musculares e ou até mesmo no dia-a-dia escuta-se ou lê-se muito sobre pontos gatilhos ou triggers points,sendo estes popularmentes conhecidos como os famosos "nós" de tensão presentes na musculatura,como por exemplo no trapézio fibras superiores.Porém,muitas vezes há muitas dúvidas e questionamentos acerca do processo de formação desses nódulos de tensão e de suas causas.Então segue abaixo um breve resumo sobre a patofisiologia e a etiologia dos pontos gatilhos,espero que ajude a esclarecer um pouquinho.
O QUE SÃO PONTOS GATILHOS?
O QUE SÃO PONTOS GATILHOS?
Os pontos
gatilhos miofasciais (ou trigger points) são pequenas áreas hipersensíveis
localizadas em uma banda tensa palpável da musculatura esquelética, que espontaneamente
ou sob estímulo mecânico desencadeiam dor local e/ou referida em áreas
adjacentes.
Os triggers
points podem ser classificados como ativos
ou latentes:
- Ativo => Ocorre quando sua
estimulação (ex: palpação) gera dor referida e reproduz a queixa dolorosa
preexistente referida pelo paciente. A dor é espontânea ou surge ao movimento,
limita a amplitude do movimento (ADM) e pode causar sensação de fraqueza
muscular
- Latente => Este encontra-se em áreas
assintomáticas e só provocam dor local e referida quando estimulados. Não se
associam à dor durante as atividades físicas normais.
PATOGÊNESE DOS PONTOS GATILHOS
Hipótese da crise energética (Energy crises
theory)
Esta hipótese leva em consideração
que uma lesão no sarcolema( membrana que envolve o feixe muscular) ou
destruição do retículo sarcoplasmático, devido a um microtraumatismo, resulta
em liberação de Ca++ e acúmulo deste
próximo ao local da lesão. O Ca++ livre interage diretamente com os
miofilamentos, mesmo sem a presença de um potencial de ação, promovendo uma contração
muscular mantida. Estando a circulação sanguínea normal, este processo é
revertido pela remoção de Ca ++ de volta para o retículo sarcoplasmático, o que
finaliza a contração muscular. Nos casos em que a circulação local está comprometida,
a remoção de Ca++ não acontece ou é insuficiente, resultando em uma área rígida, isquêmica, com acúmulo de
resíduos metabólicos e sem chegada de fontes de energia.
Todos esses eventos contribuem para
chamada “crise energética intensa local”. Por falta de fontes de energia, os
sarcômeros não possuem ATP suficiente para ativar a bomba de Ca++, e assim não
ocorre por seu retorno para o retículo sarcoplasmático, resultando em uma
contração muscular máxima e sustentada dos sarcômeros. A dor sentida no local
da lesão pode ser explicada pela liberação de substâncias, como bradicinina,
prostaglandinas e histaminas, que podem sensibilizar nociceptores, devido à
hipóxia local intensa e a crise energética dos tecidos.
Mecanismo
de lesão
O mecanismo da lesão é a forma
principal de desencadeamento de PGMs, independente de qual mecanismo
fisiopatológico levará a sua formação. Estudos apontam microtraumas, agudos ou
repetidos, como contribuintes para a formação desses pontos dolorosos, além de
outros fatores como: distúrbios do sono, deficiências de vitaminas,
predisposição para desenvolvimento de microtraumas e distúrbios posturais.
Como possíveis causas de
microtraumatismos, podem-se apontar: alongamentos ou encurtamentos excessivos,
sobrecarga muscular, movimentos repetitivos.
Microscopicamente, podem-se
verificar encurtamentos de sarcômeros levando ao encurtamento muscular. A
reação compensatória do músculo conta Ra dor, juntamente com o encurtamento
patológico dos sarcômeros, provocam uma perda de flexibilidade. A perda da
flexibilidade altera a mecânica articular e, consequentemente, perturba a propriocepção
gerada nesta. Com a propriocepção anormal, não ocorre o envio de informações
precisas do segmento corporal correspondente e uma nova lesão poderá se
sobrepor e intensificar ainda mais o problema.
Na figura acima pode-se verificar como fica o sarcômero no estado de contração muscular,pois bem, no caso de um ponto gatilho presente na musculatura,este será o estado permanente em que a fibra muscular será mantida e não somente durante a contração.
Referências Bibliográficas
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Fonte das imagens:
www.cabuloso.xpg.com.br