segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DORES MUSCULARES AGUDAS: EXISTE ALGUMA DIFERENÇA?

Olá pessoal!

O post de hoje, como vocês viram no título, será sobre dores musculares agudas, pois estas apresentam-se frequentemente nos quadro de pacientes com dor orofacial e disfunção temporomandibular, porém não podemos generalizá-las,já que existem diferenças nos tipos de dor e saber diferenciá-las pode ser um fator muito importante na evolução do tratamento do paciente. 

Pois bem, as dores musculares não são patologias simples,estas constituem uma série de alterações periféricas e centrais, onde a dor é apenas uma das manifestações.

As principais características das dores musculares agudas são :

- Dor relacionada com a demanda funcional;

- Palpação com resposta gradual, ou seja, quanto maior a pressão exercida durante a palpação maior será a sensação dolorosa;

- Infiltração anestésica, normalmente leva à fonte da dor.

CLASSIFICAÇÃO DAS DORES MUSCULARES AGUDAS:

- Contração protetora;

- Mialgia pós-exercício;

- Mioespasmo.

CONTRAÇÃO PROTETORA:

Trata-se de uma condição hipertônica imposta pelo sistema nervoso centra (SNC) no qual o mesmo recruta mais unidades motoras para participar da contração, o que resulta em um aumento do tônus muscular, sendo um resultado reflexo e protetor, resultando em rigidez muscular e dor, a fim de proteger as partes lesadas de mais traumas.

O mecanismo acontece da seguinte forma, quando alguma parte do sistema mastigatório é ameaçada, a dor muscular pode ocorrer na mesma proporção para limitar a função da parte ameaçada.

MIALGIA PÓS-EXERCÍCIO:

É uma condição de dor muscular aguda primária não inflamatória que é desencadeada após uso excessivo agudo de um músculo, inclusive os da mastigação.

Qualquer evento com competência pode levar um músculo à fadiga por hiperatividade tem potencial para causar mialgia pós-exercício.

Uma das hipóteses da etiopatogenia está realacionada com as mudanças no ambiente do músculo causadas pela liberação de substâncias algogênicas ( ex: bradicinina, substância P) capazes de causar dor.

Outra hipótese para mialgia pós-exercício diz que um músculo em fadiga dói por hipóxia, pois a hiperatividade muscular, gera um edema no músculo e este por consequência diminui o fluxo sanguíneo para as células musculares, promovendo um déficit energético, com isso o músculo não tem energia e não relaxa, pois um músculo precisa de muito mais energia para relaxar do que para se contrair.

MIOESPASMO

Trata-se de uma contração involuntária, súbita, de um ou mais músculos induzida pelo sistema nervoso central.

O mioespamo pode ser causado pela hiperatividade e estiramento de músculos previamente enfraquecidos por uma contração protetora ou mialgia pós-exercício. Pode também ser fruto de um efeito excitatório central secundário a uma fonte de dor somática profunda em outro local, como por exemplo um ponto gatilho.

Pacientes com mioespamo da musculatura mastigatório, principalmente músculo Masseter, podem apresentar uma má oclusão repentina, relata como "meus dentes tocam mais de um lado" ou "meus dentes não se encaixam direito ".

Abaixo segue uma tabela com as principais carcterísticas de cada de tipo de dor:



Acho que deu para perceber que um evento pode ocasionar um determinado tipo de dor muscular, e este se não for completamente solucionado pode fazer com que, por exemplo, uma contração protetora acabe gerando uma mialgia pós-exercício. Isso poderá ocorrer quando a pessoa tem algum hábito parafuncional que provocam microtraumatismos, e os danos desses traumas são tratados mas o hábito não é eliminado.

As dores miofasciais com presença de pontos gatilhos entram na categoria de dores musculares crônicas , por isso elas não foram mencionadas nesse post. Porém, comentarei só sobre elas em uma próxima postagem.

Até a próxima! 

BIBLIOGRAFIA

FRICTON, J.R; GROSS, S.G. Muscle Disorders .In: PERTES, R.A; SHELDON, G.G. Temporomandibular Disorders and Orofacial Pain. Chicago: Quintessence, p.91, 91 - 108, 1995.

OKESON, J.P. Management of temporomandibular disorders and occlusion, ed. 4, St. Louis: Mosby, v.164, 1998.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

CEFALEIAS CERVICAIS

As cefaleias cervicais podem ocorrer devido à alterações nas vértebras cervicais altas ( C0-C3),com manisfestações dolorosas principalmente na região occipital (base do crânio) dependendo da localização da vértebra afetada. 

Quando há comprometimento em C0-C1, a cefaléia ocorre da região occipital para cima.A subluxação (afastamento das superfícies articulares)  de C1-C2 também pode causar cefaleia occipital,o qual agrava-se com a cabeça em flexão. A região C2-C3 também pode desencadear quadros de cefaleia nessa mesma região,sendo agravada com a inclinação lateral da cabeça.

Essas alterações no alinhamento das vértebras podem ser causadas por uma falha nos músculos posteriores da coluna cervical,os quais realizam o contrabalanço da força da gravidade,alterando a postura normal da cabeça e pescoço,e com isso a curvatura normal (lordose cervical) é perdida (retificação) ou invertida (cifose),podendo ocorrer com o tempo degeneração artrótica.

O estresse também pode ser um fator causador, pois ele pode levar à uma contratura muscular e consequentemente uma alteração funcional.

O mau alinhamento dos ombros também é uma alteração frequente,pois este altera a curvatura das vértebras,gerando mudanças da orientação corporal e levando à sobrecarga e ao aparecimento de pontos dolorosos e sensação de aperto. Esses pontos dolorosos podem diferenciar cefaleia cervicogênica (de origem cervical) da enxaqueca e da cefaleia do tipo tensional.

Para entender melhor a relação entre as alterações no posicionamento cervical e as dores na cabeça e na face é preciso primeiramente saber que este tipo de cefaleia é uma forma de dor referida oriunda dos três primeiros segmentos da coluna cervical,como já dito anteriormente,onde está localizado o núcleo trigeminal da medula espinhal. O nervo trigêmeo é o quinto par de nervos cranianos e suas ramificações inervam grande parte da cabeça e face. No núcleo trigeminal, as terminações nervosas do nervo trigêmeo e das raízes nervosas de C1,C2 e C3 se sobrepõem-se e ramificam-se.Com isso,esta convergência aferente de duas vias distintas do corpo para neurônios do sistema nervoso central é uma possível explicação para a dor  referida.

                                                                       Fonte: www.gustavomachadofisio.com

Portanto, o nosso cérebro acaba confundindo a real origem da dor,já que as terminações do nervo trigêmeo e das raízes cervicais altas compartilham um mesmo núcleo de dor e,dessa forma,problemas na coluna cervical podem ser potencialmente percebidos como dor em qualquer área da cabeça ou face.
Compressões da artéria vertebrobasilar também podem ocasionar cefaleias em várias outras regiões do crânio. A causa dessas compressões pode ser um mal alinhamento das vértebras cervicais,um movimento inadequado ou ambos.





Possíveis sinais e sintomas das cefaleias cervicais:

- Precipitação da dor cervical semelhante à espontânea por:
1. movimento do pescoço ou sustentação desajeitada da cabeça;
2. pressão externa da região cervical posterior e superior ipsilateral ou da região occipital;

- Redução da movimentação cervical habitual;

- Dor na mão, ombro e pescoço ipsilateral, de natureza vaga e não-radicular, ou ocasionalmente dor
no braço de natureza radicular (compressão de raízes nervosas).

- Alívio completo ou quase completo (> 90%) da dor após o bloqueio anestésico do nervo grande occipital e/ou da raiz C2 no lado sintomático.

- Unilateralidade da dor sem mudança de lado, podendo ocorrer o quadro em qualquer um dos lados.

- Náuseas

- Fonofobia

- Fotofobia

- Vertigens 

- Dificuldade de deglutição

Características da dor:

- Moderada, não-excruciante, geralmente de natureza não-pulsátil, começando no pescoço e espalhando-se para as áreas oculofrontotemporal,onde, em geral, é máxima;

- Duração variável (horas) ou dor contínua flutuante;

- Preponderância no sexo feminino;

- História de trauma craniano ou cervical (whiplash).



segunda-feira, 3 de junho de 2013

SÍNDROMES CERVICAIS ALTAS

Como eu já havia comentado no post anterior, o livro Terapia Manual nas Disfunções da ATM  me deu algumas idéias de assuntos para posts aqui no blog, uma delas foi discutir um pouquinho sobre síndromes cervicais altas ,já que estas são pouco abordadas quando se trata de dor orofacial e muitas vezes podem gerar dores na face,nas regiões do crânio e cervical,podendo simular sintomas de disfunção temporomandibular (DTM),labirintite, sinusite,dentre outros.



Para entender melhor o que são as Síndromes cervicais altas,acho que é preciso primeiro ficar um pouquinho por dentro da anatomia da coluna cervical, o qual é o segmento mais móvel da nossa coluna vértebral e é formada por sete vértebras.Ela é dividida em dois compartimentos estruturais e com funcionalidades diferentes são eles: o segmento superior ou suboccipital que abrange C0 à C2 e o segmento inferior que vai de C3 à C7.

Agora que já foi explicado que a cervical divide-se em alta e baixa vamos nos concentrar no segmento superior, pois é neste que ocorrem as Síndromes cervicais altas,como o próprio nome já diz.

É de extrema importância saber que alterações na segunda vértebra cervical (também chamada de Áxis) podem ocasionar:

- Dores na região posterior da orelha,irradiando pelo ramo mandibular;

- Perda de equilíbrio;

- Tonturas;

- Dor associada à zumbido no ouvido; 

- Cefaléia unilateral perto da região da orelha


                                                     Fonte: www.stemcelldoc.wordpress.com

                                                                              Fonte: www.eorthopod.com



Não sei se vocês perceberam,mas sintomas muito parecidos com estes podem ser observados em pacientes com DTM,por isso a importância da avaliação minuciosa e do diagnóstico correto que tanto são comentados aqui no blog.

A presença do gânglio cervical superior, fixado abaixo da base do crânio,em frente ao áxis (segunda vértebra cervical) e C3,poderá gerar sintomas de Hipersimpaticotonia, provocando a Síndrome de Horner, cujos sintomas são:

- Ptose (queda da pálpebra superior) ;

- Miose (constrição da pupila);

- Enoftalmia (afundamento do olhos);

- Anidrose (diminuição da transpiração em um dos lados da face).

Isso se dará devido a interrupção da inervação simpática do globo ocular causada pela presença do gânglio.

As fixações vertebrais ou subluxações podem causar irritações do nervo vago, que desce bilateralmente pelo pescoço,levando aos seguintes sintomas:

- Hiper ou hipovagotomia;

- Desmaios;

- Disfagia;

- Alterações no batimento cardíaco e na função intestinal;

- Suores

- Movimentos involuntários e dolorosos

No próximo post escreverei sobre Cefaléias Cervicais,um tema muito interessante também.

Fonte Bibliográfca:

- TENREIRO,M.SANTOS,R. Terapia Manual nas Disfunções Temporomandibulares. 1a edição.Rio de Janeiro: ed.Rubio,2011.


terça-feira, 28 de maio de 2013

NOVIDADES E DICA DE LIVRO

Olá gente,tudo bem?

Bom como o próprio título do post diz tem duas novidades para contar para vocês, a primeira é que agora estou integrando o corpo clínico do Atelier Odontológico Dra.Verônica Queiroz,que tem como Diretora Clínica Dra.Verônica Querioz,especialista em clínica geral,reabilitação oral e estética odontológica

Fiquei muito feliz com esta parceria,pois tenho certeza que os maiores beneficiados serão os pacientes que terão um tratamento ainda mais completo,pois a clínica conta com especialidades como a Odontologia Reabilitadora e Estética,assim como, Endodontia,Implantodontia e Ortodontia,e agora também contará com a Fisioterapia Buco-Maxilo-Facial.

A outra novidade é que agora tenho um perfil no Instagram e diariamente posto dicas rápidas e informações sobre dor orofacial,disfunção temporomandibular e fisioterapia buco-maxilo-facial,quem quiser seguir é @elyfisioBMF,assim,temos mais um meio de troca de idéias.



Agora a dica de livro que eu tenho é para os colegas de profissão interessados por disfunção da ATM, trata-se do livro Terapia Manual nas Disfunções da ATM dos autores Marcelo Tenreiro e Robson dos Santos editora Rubio. Adquiri no congresso da SBDOF e ele tem sido minha fonte de estudo dos últimos dias.O livro é muito interesante porque é direcionado para nós fisioterapeutas,aboradando bem essa visão global que devemos ter com os nossos pacientes,porém,discuti e explica conceitos da Odontologias muito importantes para o nosso conhecimento.Já tenho vários temas de posts em mente que com certeza o terão como fonte bibliográfica.




Por hoje é só, até o próximo post!!!!

Ah!e sigam o perfil no instagram!!!!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

RESUMO I CONGRESSO BRASILEIRO DE DOR OROFACIAL

Olá pessoal!!

Como já havia postado aqui para vocês, aconteceu nesse último final de semana no Maksoud Plaza em São Paulo o I Congresso Brasileiro de Dor Orofacial, organizado pela SBDOF (Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial), e eu estava lá com muito prazer e satisfação.
 
Primeiramente o que eu tenho a dizer sobre o evento é que foi muito bom, superou as minhas expectativas. A organização estava impecável, as palestras com temas relevantes, presença dos profissionais de maior renome na área de dor orofacial e crônica.
 

                  Auditório lotado em todos os momentos, todos atentos às palestras!
 
 
A palestra que deu início ao evento foi a do Dr.Paulo Conti (Presidente da SBDOF) e tinha como tema a "Interpretação dos achados no exame do paciente com dor orofacial : montando o quebra-cabeça", nela ele ressaltou a necessidade de um tratamento individualizado para os pacientes com dor orofacial, sendo necessária uma avaliação minuciosa, onde o profissional deve estar bem atento à todas as informações passadas pelo paciente, pois são estas que muitas vezes ajudam a montar o quebra-cabeça e fechar um diagnóstico, ou seja, deve-se segundo o Dr.Paulo ter uma abordagem analítica seguindo regras e lógicas e não uma inércia diagnóstica na qual orienta-se por um pensamento coletivo.
 
                                              
                                                                     Dr.Paulo Conti

Outra palestra muito interessante foi a da Dra. Márcia Kil que abordava a possível relação entre zumbido, ATM e o sistema somatossensorial.Achei bem legal,pois ela apresentou os resultados de uma pesquisa realizada por uma fisioterapeuta como uma de suas referências, e salientou que a presença de pontos gatilhos ativos pode muitas vezes está relacionada ao zumbido, e ao desativar esses pontos os pacientes podem apresentar melhora considerável.

Confesso que fiquei muito feliz ao assistir a apresentação do Dr.Evandro Faulin, Fisioterapeuta, pois como próprio tema dizia ele esclareceu dúvidas sobre a Fisioterapia no tratamento DTM, isso para nós Fisioterapeutas é muito importante, pois demonstra o espaço e reconhecimento que nossa profissão, e principalmente nossa especialidade vem ganhando.

Por fim, em mais de uma palestra foi discutido que ajustes oclusais podem não ser efetivos no tratamento da dor orofacial, pois não há evidências de que terapia oclusal trata dor, devendo se primeiro optar por outras condutas que sejam reversíveis. Diante de tudo isso que foi dito,o que ficou mais claro nesses dois dias intensos de discussões sobre dor orofacial, foi que não existe uma só forma de tratar os pacientes, e o mais importante antes de já traçar o plano de tratamento é identificar a etiologia da dor, pois só dessa forma pode-se ter resultados satisfatórios e duradouros , portanto , como foi dito em uma das explanações  "PLACA OCLUSAL NÃO É DIAGNÓSTICO".
 


                                                                               
 
 
 
 
Ah!já ia esquecendo para quem tiver interessado foi disponibilizado no site da SBDOF os slides de duas apresentações do congresso uma com o tema "Transtornos afetivos e dor crônica" e a outra "Drogas analgésicas adjuvantes na terapia da dor crônica". Quem quiser fazer o download segue o link abaixo:
 
 
Até o próximo post!!! 
 

terça-feira, 23 de abril de 2013

O QUE SÃO E COMO SÃO FORMADOS OS PONTOS GATILHOS ?

Olá Pessoal!

No estudo sobre as dores musculares e ou até mesmo no dia-a-dia escuta-se ou lê-se muito sobre pontos gatilhos ou triggers points,sendo estes popularmentes conhecidos como os famosos "nós" de tensão presentes na musculatura,como por exemplo no trapézio fibras superiores.Porém,muitas vezes há muitas dúvidas e questionamentos acerca do processo de formação desses nódulos de tensão e de suas causas.Então segue abaixo um breve resumo sobre a patofisiologia e a etiologia dos pontos gatilhos,espero que ajude a esclarecer um pouquinho.

O QUE SÃO PONTOS GATILHOS?


Os pontos gatilhos miofasciais (ou trigger points) são pequenas áreas hipersensíveis localizadas em uma banda tensa palpável da musculatura esquelética, que espontaneamente ou sob estímulo mecânico desencadeiam dor local e/ou referida em áreas adjacentes.

Os triggers points podem ser classificados como ativos ou latentes:

- Ativo => Ocorre quando sua estimulação (ex: palpação) gera dor referida e reproduz a queixa dolorosa preexistente referida pelo paciente. A dor é espontânea ou surge ao movimento, limita a amplitude do movimento (ADM) e pode causar sensação de fraqueza muscular

- Latente => Este encontra-se em áreas assintomáticas e só provocam dor local e referida quando estimulados. Não se associam à dor durante as atividades físicas normais.


PATOGÊNESE DOS PONTOS GATILHOS

Hipótese da crise energética (Energy crises theory)
             
Esta hipótese leva em consideração que uma lesão no sarcolema( membrana que envolve o feixe muscular) ou destruição do retículo sarcoplasmático, devido a um microtraumatismo, resulta em liberação de Ca++ e  acúmulo deste próximo ao local da lesão. O Ca++ livre interage diretamente com os miofilamentos, mesmo sem a presença de um potencial de ação, promovendo uma contração muscular mantida. Estando a circulação sanguínea normal, este processo é revertido pela remoção de Ca ++ de volta para o retículo sarcoplasmático, o que finaliza a contração muscular. Nos casos em que a circulação local está comprometida, a remoção de Ca++ não acontece ou é insuficiente, resultando em  uma área rígida, isquêmica, com acúmulo de resíduos metabólicos e sem chegada de fontes de energia.
             
Todos esses eventos contribuem para chamada “crise energética intensa local”. Por falta de fontes de energia, os sarcômeros não possuem ATP suficiente para ativar a bomba de Ca++, e assim não ocorre por seu retorno para o retículo sarcoplasmático, resultando em uma contração muscular máxima e sustentada dos sarcômeros. A dor sentida no local da lesão pode ser explicada pela liberação de substâncias, como bradicinina, prostaglandinas e histaminas, que podem sensibilizar nociceptores, devido à hipóxia local intensa e a crise energética dos tecidos.

Mecanismo de lesão
             
O mecanismo da lesão é a forma principal de desencadeamento de PGMs, independente de qual mecanismo fisiopatológico levará a sua formação. Estudos apontam microtraumas, agudos ou repetidos, como contribuintes para a formação desses pontos dolorosos, além de outros fatores como: distúrbios do sono, deficiências de vitaminas, predisposição para desenvolvimento de microtraumas e distúrbios posturais.
             
Como possíveis causas de microtraumatismos, podem-se apontar: alongamentos ou encurtamentos excessivos, sobrecarga muscular, movimentos repetitivos.
             
Microscopicamente, podem-se verificar encurtamentos de sarcômeros levando ao encurtamento muscular. A reação compensatória do músculo conta Ra dor, juntamente com o encurtamento patológico dos sarcômeros, provocam uma perda de flexibilidade. A perda da flexibilidade altera a mecânica articular e, consequentemente, perturba a propriocepção gerada nesta. Com a propriocepção anormal, não ocorre o envio de informações precisas do segmento corporal correspondente e uma nova lesão poderá se sobrepor e intensificar ainda mais o problema.


  



Na figura acima pode-se verificar como fica o sarcômero no estado de contração muscular,pois bem, no caso de um ponto gatilho presente na musculatura,este será o estado permanente em que a fibra muscular será mantida e não somente durante a contração.

Referências Bibliográficas

YENG, L.T.; KAZIYAMA, H.H.; TEIXEIRA, M.J. Síndrome dolorosa miofascial. JBA, Curitiba, v.3, n.9, p.27-43, jan./mar. 2003

SANTOS,R.V.C.;NASCIMENTO,J.D.S.E COLS.Pontos Gatilhos Miofasciais: Artigo de Revisão,RCSNV, João Pessoa, v.10, n.2, p.79 - 89, dez 2012.

ROCHA C.A.C.B.,SANCHEZ T.G.,SIQUEIRA J.T.T.Pontos-gatilho Miofasciais : Ocorrência e Capacidade de Modulação em Pacientes com Zumbido.Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol.,São Paulo, v.10, n.3, p. 210-217, 2006.

Fonte das imagens:

www.cabuloso.xpg.com.br






terça-feira, 16 de abril de 2013

I CONGRESSO BRASILEIRO DE DOR OROFACIAL

Olá Pessoal!!

Nos dias 17 e 18 de Maio de 2013 acontecerá na cidade de São Paulo o I Congresso Brasileiro de Dor Orofacial: Disfunção Temporomandibular – Enfoque Contemporâneo. O evento está sendo organizado pela Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial ( SBDOF) e contará com a presença de nomes importantes da odontologia,fisioterapia e medicina que atuam no tratamento dos distúrbios e dores orofacias.Será muito importante justamente pelo fato de ser interdisciplinar e bem específico,já que ainda não são muitos os eventos voltados para dor orofacial.Eu estarei lá com certeza!
 
 
 
Para os que estiverem interessados clique no link abaixo para saber mais informações:
 

quinta-feira, 7 de março de 2013

LIBERAÇÃO MIOFASCIAL E EXERCÍCIOS DE MÍMICAS FACIAIS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA BUCO-MAXILO-FACIAL, QUAL SERÁ A IMPORTÂNCIA?


Olá queridos leitores!

Andei meio afastada aqui do nosso espaço e desde do ano passado não postava nada,tudo isso por conta dessa correria que é terminar um ano e começar outro,mas estou de volta e garanto um 2013 cheio de posts e novidades.

O tema desse primeiro post do ano surgiu através de uma observação em minha prática clínica nos atendimentos dos meus pacientes de pós-operatório no consultório, percebi que a sensação de peso na face e a dificuldade de executar as expressões faciais são queixas muito recorrentes dentres eles. Muitos reclamam da sensação de rigidez o que dificulta muito a execução dos movimentos dos músculos da face.

Diante disso,tenho inserido muitas vezes no protocolo de tratamento as manobras de liberação miofascial e os exercícios de mímicas faciais,sendo estes últimos citados muitas vezes utilizados no tratamento de pacientes com paralisia facial,e com isso tenho percebido melhora dessas queixas dos pacientes.

Para entendermos melhor,como a liberação miofascial e esses exercícios podem contribuir no pós-operatório de cirurgia buco-maxilo-facial,devemos relembrar da fáscia e de como sua aderência pode gerar repercussões.

A fáscia nada mais é do que uma lâmina de tecido fibroso e translúcido, que permeia o corpo humano e tem papel destacado em seus movimentos. Ela é a matriz tridimensional do corpo, sendo um esqueleto fibroso que suporta principalmente esforços de tensão, enquanto o esqueleto ósseo suporta esforços de compressão.

A imagem ilustra a fáscia de uma forma bem simples,basta imaginarmos que ela é um macacão de malha contínuo que envolve todo o corpo,dessa forma pode-se entender como uma restrição em determinado local pode gerar repercussões em vários outros e impedir a adequada movimentação da musculatura.



Segundo o fisiatra especialista em fáscias Luiz Fernando Bertolucci, a manipulação desse tecido fibroso, libera aderências permitindo o reposicionamento dos músculos, podendo ainda ter um efeito adicional na estimulação do sistema nervoso,visto que essas aderências impedem o livre deslizamento mútuo dos músculos,os quais consequentemente serão sobrecarregados.



 

 
 
 
A lubrificação dos tecidos ocorre entre a interface do sistema de fáscias,e muitas vezes traumas e cirurgias produzem aderências nestas interfaces de deslizamento de corpos musculares comprometendo a função motora e diminuindo o aporte sanguíneo dos tecidos.
Portanto,diante dessa explicação pode-se entender um pouco mais do porquê da rigidez muscular e dificuldade de movimentação apresentada pelos pacientes na fase pós-operatória,pois como já dito anteriormente as aderências ocasionadas pelo processo cirúrgico e pela pouca mobilidade restringem a musculatura,e esta fica incapacitada de realizar os movimentos de forma integral,tornando-se cada vez mais encurtada e rígida.
Com isso,nessa situação é de extrema importância a execução de manobras de liberação miofascial ,para que haja a resolução das aderências e a fáscia “descole” da musculatura,seguidas de exercícios de mímicas faciais pois estes além de recuperarem a funcionalidade da musculatura da face,favorecerem a mobilidade do sistema miofascial, também podem corrigir possíveis assimetrias facias,que podem aparecer durante a execução dos movimentos, decorrentes de desequilíbrios musculares e aderências fasciais.
 
As imagens abaixam mostram alguns dos exercícios de mímica facial que podem ser realizados.





 
 
 

 Referência bibliográfica
CAMPOLIM, SILVIA, and LUIZ FERNANDO BERTOLUCCI. "Esqueleto." Antidepressivos: 20079.